domingo, 2 de setembro de 2012

Ignorância política, o que a educação tem a ver com isso?

                        A fragmentação do conteúdo na educação “formal”, o desligamento entre as matérias, a falta de visão holística, faz do sistema educacional um trampolim para um mergulho sem preparo dos estudantes no sistema político. A política, que está presente na vida de todos, não é estimulada, pois a ignorância política faz parte do sistema educacional. O sistema de educação está para formatar seres humanos a agirem conforme o sistema político exige que ajam: que fiquem alheios às corrupções (roubos), chantagens, que se satisfaçam com os assistencialismos das “bolsas”, que acreditem que sim, a solução está na criação dos mercados que surgem a cada dia. É preciso manter mentes sob controle, a escola somente cumpre seu papel histórico e é a peça de ligação entre a necessidade de trabalhar e a necessidade do sistema que existam consumidores para os bens indutrializados.
                       Assim, o sistema político brasileiro conta com o investimento financeiro externo e nacional privados para a criação de empregos; isenta de taxas e até financia obras em prol do desenvolvimento. Resta impôr formas de regulação ao sistema educacional para que todos tenham empregos e não atrapalhem o sistema político-econômico. Dessa mesma forma investem em segurança, contra a violência dos “pobres”, marginalizados do sistema.
                     O retrocesso deste des-envolvimento está em acreditar que o Governo é o Estado. E isto não se pode aprender, nem ensinar. Sociologia, história, filosofia, são matérias perigosas, e cada vez mais podadas. Aliás, são matérias que se completam, deveriam estas três ser obrigatórias, ou melhor, exigidas por quem estuda e quem ensina!
                    O Governo são as pessoas eleitas pelo voto obrigatório e que deveriam representar os eleitores. O Estado é quem o Governo representa. O Estado hoje está nas mãos do capital especulativo; empresas transnacionais, privadas, que recebem apoio do Governo, dos bancos nacionais (BNDES) para ampliação dos seus negócios. O negócio, no caso, é a hipnose para o consumo. O consumo mantém a economia, por isso se criam mercados. O mercado do material reciclável é um exemplo. Primeiro as empresas extraem do ambiente a matéria-prima, criam o lixo (embalagens, garrafas pet, caixinhas, potes...), causam degradação ambiental irreversível na extração, no beneficiamento; contaminam rios, terra, ar, e depois criam o mercado da reciclagem. Agora, como um pedido de “desculpas’ à natureza, e para criar um novo mercado (claro), dão uma porcentagem ínfima dos seus “lucros” para que, em outro lugar, outro bioma, a área verde seja protegida – mercado verde. Apenas aprofunda-se o problema social e ambiental.

Por que se aceita tal situação? Alienação política! Consumimos o que não precisamos; em 50 anos estamos gerando um impacto ambiental maior que em toda a história da humanidade. Por que estudamos, adquirimos certificados, trabalhamos quase todo o tempo quando não estamos dormindo? Por que o ciclo não se rompe? Quando seremos nós o Estado? Até quando toleraremos um sistema educacional subserviente ao modelo econômico? Professores, o lema adequado ao problema educacional atual não seria “por uma emancipação da consciência política”?
Enquanto isso, o PNE – Plano Nacional de Educação (segundo a Revista Escola) no seu balanço feito quanto aos pontos positivos e negativos na última década de planejamento 2001-2010, aponta problemas em alcançar a erradicação do analfabetismo (são 14,5 milhões de analfabetos), em conter a evasão e a repetência, em ter vagas suficientes para crianças de até 3 (três!) anos, entre várias outras questões. O planejamento é para um exército moldado, que obedeça e cumpra o exigido (desde que nascem!). O Ideb (índice de Desenvolvimento do Ensino Básico) aponta o quão estamos aquém em todos os sentidos se considerarmos além da qualidade deste sistema, o que ele não proporciona: o prazer em aprender.
(por Mônica Gonçalves)

Sobre o ideb:
Sobre o PNE:

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