terça-feira, 17 de abril de 2012

Estado laico e a religião na escola, qual é o preço da liberdade?


 O momento atual da vida global nos oferece ferramentas que nos facilitam o acesso, aproxima distâncias, fornece informações necessárias para compreender o que nos cerca, podemos nos ver onde estamos? 
Dentre estes assuntos, a religião sempre é um tema polêmico que talvez o conhecimento da história sobre o assunto possa contribuir no desenvolvimento da vida da sociedade humana. No curso EaD Licenciatura em Educação do Campo pôde-se perceber que gera opiniões controversas. O significado, ou o resignificado, das palavras contribuem na nossa compreensão do valor de cada indivíduo, objetos, prazer. O significado, o resultado da produção, ou, reprodução, são obras nossas, cultura. 
Valores como respeito ao próximo, a beleza das coisas naturais, a capacidade de criar/recriar cultura, o amor, a paz, a honestidade,... , não são valores próprios da religião. Ou, são religião! Valores são resgatados no dia a dia, na prática do fazer acontecer e que não precisa de nome de nenhum santo. Se a construção for coletiva, o valor será concreto do que for construído. Não se faz necessário falar de deus pra valorizar o respeito e todos os valores. ÉTICA, no meu ponto de vista, é a palavra que define tudo. Sim, nós somos humanos, imperfeitos na nossa perfeição. Se se acredita em deus - consenso religioso -, acredita que está em tudo; numa folha seca, num grão de areia, no ar, então, como somos parte do todo, também está em nós. O exercício de qualquer religião é fora da escola. Por isso não se faz necessário em nenhum momento mencionar “igreja”, “deus”; se poderia traduzir em palavras os sentimentos, os valores que se quer construir coletivamente pela paz real. VALOR é algo profundo que vai além disso, porque o pré conceito está fora. Difícil expressar em poucas palavras, ou, é difícil ser coerente frente aos significados que damos quando praticamos. É o significado da palavra no seu mais pontual sentido, a prática, a práxis, na percepção de cada um. Não importa a religião, igreja, filosofia de vida,... ,  importa é o que é construído de fato. Como vai ter a participação da DIVERSIDADE CULTURAL nesse processo?Até aqui já se incluem diretamente vários temas transversais: ética, meio-ambiente, diversidade cultural. Os VALORES perpassam a vida de todos e para isso não é necessário nada além de nós mesmos. Ao menos enquanto estivermos exercendo a profissão, não podemos persuadir e repreender crianças em nome de alguma crença. O Estado é laico.  A livre expressão existe, inclusive a de não se manifestar (lembremos que podemos votar em branco - não opinar). 

Nos dias atuais muitos se manifestam em uma ou outra rua, ramificações da principal; porém, para unir as ruas faltam os valores necessários para re criar a importância de nós para nós mesmos e para o mundo que nos cerca. 
Talvez, se nos vermos de verdade; temos pés, mãos, criatividade e capacidade completa de poder acreditar que podemos fazer melhor. No caso, o melhor prum coletivo bem maior que as quatro paredes que nos cercam, ou que se expanda para além do limite dos aramados. 
E isso tudo acima é acreditar, é crença. Em algo sempre se acredita, inclusive se acredita que não acredita.
(Mônica de Medeiros Gonçalves, graduanda / Licenciatura em Educação do Campo / UFPel) 




Seguem alguns sites sobre o assunto que, considero, podem contribuir no debate:



"A religião não impede a violência. A ideia de que ela sempre faz bem é equivocada. Basta lembrar que grande parte das guerras teve origem em conflitos religiosos. Na escola, a violência deve ser combatida com o ensino ao respeito e ao reconhecimento da dignidade intrínseca a todos, não com o pensamento de que apenas as pessoas que acreditam na mesma divindade merecem consideração. "

"Ensino religioso em escolas públicas pode gerar discriminação, avalia professor"

"(...) Após a independência, em 1822, o Império Brasileiro herdou de Portugal o regime do padroado, mantendo o catolicismo como religião do Estado. Em conseqüência, nas escolas públicas de todo o país, a doutrina católica impregnava todos currículos em todos os níveis escolares. Os professores, por sua vez, eram obrigados a prestar juramento de fé católica, podendo ser punidos por perjúrio. A todos, o Código Criminal proibia o ateísmo e a descrença na imortalidade da alma.(...)"