quarta-feira, 27 de junho de 2012

FREQUÊNCIA ESCOLAR OBRIGATÓRIA, um cabresto imposto para a prática social da passividade política

 um cabresto imposto para a prática social da passividade política com freio sabor morfina

            Com o objetivo de manter o controle, a educação dos indivíduos, das comunidades, de toda a sociedade, passou de mão em mão ao longo da história. Desde sempre a instrução foi dividida entre educação para “uns” e para “outros”. A obrigatoriedade à freqüência escolar foi necessária para conter a criatividade (própria do humano) e manter as diferenças sociais como algo “normal”. (diversidade cultural é diferente de diferenças sociais)
            A economia atual, que permeia a sociedade humana e envolve toda a biodiversidade do planeta, não é a única forma de nos relacionarmos com o ambiente. Surgiram máquinas que são controladas por humanos, mas, principalmente, que fizeram do humano a própria máquina. A mecanização industrializou os sentimentos humanos e limitou o caminho para a criação. O processo acontece pela repetição, em todos os lugares; se fixa em nós como prioridade (por ser cômodo, não é necessário pensar, refletir, agimos “instintivamente”); obriga, sem ordenar; seleta, submete, oprime. O foco dos holofotes está direcionado para o “eu”. Televisão, rádios, jornais, cartazes,... , nas ruas, em casa,... , na escola. Todos impulsionam os sentimentos individuais para muito aquém do coletivo. Todos aqueles (meios de comunicação) nos fazem matar um pouco (ou muito) do coletivo para alcançar o “desejado” individualmente, para “satisfazer” o eu.
Esse sistema está desequilibrado em relação ao ambiente. Fazemos parte do sistema, estamos todos contribuindo para esta realidade; estamos desatentos à possibilidade de que, se quisermos, podemos tirar o cabresto.
 O ato de ensinar tornou-se mecânico, acontece de fora para dentro. O sistema econômico capitalista determina o limite da nossa capacidade de agir e pensar coletivamente. Os governos obedecem ao modelo econômico seletor, impõe ao modelo educacional a obediência e a reverência à concorrência e a desvalorização do coletivo biodiverso do ambiente (entende-se aí ‘ambiente global’). Junto com a mídia, os governos controlam @s professor@s, determinando conteúdos, métodos e técnicas. É para ninguém aprender a ler o mundo, a visão do indivíduo alcança o umbigo e o problema educacional fica resumido aos salários defasados e à má estruturação da escola. Se educação, aprendizagem, acontece durante todo o período da vida do ser humano, por que educação virou sinônimo de escola? Educação é escola? Por que não está na pauta das reinvidicações o próprio sistema educacional?
Os parâmetros educacionais são a continuação do controle. Modelo econômico => governos => escolas => modelo econômico. Mão de obra obediente, determinação sobre quem explorar e onde, impossibilitar qualquer forma de economia independente, urbanizar a sociedade (atualmente, segundo IBGE 2006, 19% da população brasileira está residindo na zona rural, e o êxodo continua), e para tudo isso, os meios de comunicação (novelas, músicas, jornais alienantes) cumprem um importante papel: manter as mentes sob controle, ou seja, estagnadas para o coletivo e ativas para o individual.
A economia dita a regra, a escola concorda, seleta, formata.

Se a escola fosse benéfica à sociedade, por que haveria de ser obrigatória?
Que finalidade tem a obrigatoriedade à freqüência escolar?
 Isto é uma ação consciente? 
É somente por necessidade econômica?

Onde estão os valores humanos neste contexto?
(Mônica Gonçalves, Herval/RS/BR)

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A EDUCAÇÃO COMO FERRAMENTA DA ALIENAÇÃO CULTURAL


Um processo histórico de paralisia da consciência humana – o domínio do invisível
evidente e profundo relacionamento entre educação e alienação

unindo pontos



“- Manhêêê!! Me ajuda nesse trabalho da escola? Olha só: qual é a diferença entre o ser humano e uma ameba?

 - Ora, ora... Muito fácil! O ser humano é o único animal capaz de pensar, o único que têm inteligência; já a ameba é um ser tão pequeno que só dá pra gente ver usando um microscópio.

- Hummm...”

“Basta recordar a cibernética, para a qual um organismo inteligente é aquele que reage adequadamente aos estímulos do ambiente (homeostase), fazendo as escolhas corretas.
Uma ameba, ao ser colocada frente a uma poeira, uma partícula de veneno e uma partícula de alimento, ignora a poeira, evita o veneno e assimila, ingere o alimento.

(...)uma população exposta a subliminaridades, teleguiada, que se veste, comporta-se, consome produtos, serviços, crenças, religiões, ideologias e vota em eleições levada por sugestões externas, subliminares, não pode ser considerada uma forma de vida inteligente, autônoma.” (Flávio Callazans¹)

Quem somos, afinal; o que fazemos, por quê?

“Uma coisa são as estruturas sociais (leia-se uma ordem econômica e política realizada na história e como um tipo de sociedade) que atuam diretamente sobre a nossa existência. Que nos fazem, individual e coletivamente, sermos como somos, sentirmos e pensarmos como pensamos e sentimos, agirmos como agimos dia a dia, na experiência concreta e interativa da vida cotidiana com que se entretecem os infinitos fios da própria história de uma pessoa, de uma família, de uma comunidade, de toda uma sociedade, de um povo inteiro, de uma época. Uma coisa são as estruturas e processos que nos fazem ser “assim” como acabando “sendo”.
Outra coisa é o que nós fazemos com aquilo que nos faz sermos assim como somos, e vivermos como vivemos. É o que somos capazes de refletir e decifrar a respeito das estruturas e dos processos sociais que geram ao longo de uma história um modelo de sociedade e de vida social cotidiana. É quando nós descobrimos que, o que é apresentado como “é assim porque sempre foi assim”; “é desta maneira porque não poderia ser de outra”; “é como é porque é a vontade de Deus”, na verdade é uma criação social de pessoas, de grupos de interesse, de agências e de instâncias de uma forma de poder. “Poder”, “economia”, “sociedade” criadas por pessoas na história.” (Carlos Rodrigues Brandão²)

A cultura padronizada, criada pela economia global e sustentada pelo modelo educacional (que é obrigatório a todos) é formulado para direcionar nosso inconsciente ao consumo. Cultura da concorrência, do individualismo, quando um mendigo deitado no chão é tratado como uma praga, ou simplesmente ignorado, como um poste, um orelhão... uma vitrine é mais atraente.

Subliminaridades criam vontades, gostos, necessidades, sentimentos, em alguns segundos, repetidos e firmados de inúmeras formas. Nossa psique é invadida e nos saqueiam os sentimentos que impossibilitam nossa vida em sociedade no ambiente.
A mecanização da educação institucionalizada está como normal. Diferente está a educação humanizadora; “(...) jamais pode ser ela sequer pensada isoladamente ou reduzida a um conjunto de técnicas e métodos. Isto não significada que métodos e técnicas não sejam importantes. Significa que aqueles e estes estão a serviço de objetivos contidos no projeto cultural que por sua vez, se encontra envolvido e envolvendo os objetivos políticos e econômicos do modelo de sociedade...” (Paulo Freire³)

¹ CALAZZANS, Flávio Mário de Alcântara; Propaganda Subliminar Multimídia; São Pulo; Summus, 1992 (Novas Buscas em Comunicação; v. 42)

² BRANDÃO, Carlos Rodrigues; Semana pedagógica Paulo Freire – Caderno Pedagógico 2; publicação da Secretaria de Estado da Educação do Rio Grande do Sul, agosto de 2001

³ FREIRE, Paulo; Cartas à Guiné-Bissau – Registros de uma experiência em processo; Editora Paz e Terra, 4ª edição