Um processo histórico de paralisia da
consciência humana – o domínio do invisível
evidente e profundo relacionamento entre educação e alienação
unindo pontos
“- Manhêêê!!
Me ajuda nesse trabalho da escola? Olha só: qual é a diferença entre o ser
humano e uma ameba?
- Ora, ora... Muito fácil! O ser humano é o
único animal capaz de pensar, o único que têm inteligência; já a ameba é um ser
tão pequeno que só dá pra gente ver usando um microscópio.
- Hummm...”
“Basta
recordar a cibernética, para a qual um organismo inteligente é aquele que reage
adequadamente aos estímulos do ambiente (homeostase), fazendo as escolhas
corretas.
Uma ameba, ao
ser colocada frente a uma poeira, uma partícula de veneno e uma partícula de
alimento, ignora a poeira, evita o veneno e assimila, ingere o alimento.
(...)uma
população exposta a subliminaridades, teleguiada, que se veste, comporta-se,
consome produtos, serviços, crenças, religiões, ideologias e vota em eleições
levada por sugestões externas, subliminares, não pode ser considerada uma forma
de vida inteligente, autônoma.” (Flávio Callazans¹)
Quem somos,
afinal; o que fazemos, por quê?
“Uma coisa
são as estruturas sociais (leia-se uma ordem econômica e política realizada na
história e como um tipo de sociedade) que atuam diretamente sobre a nossa
existência. Que nos fazem, individual e coletivamente, sermos como somos,
sentirmos e pensarmos como pensamos e sentimos, agirmos como agimos dia a dia,
na experiência concreta e interativa da vida cotidiana com que se entretecem os
infinitos fios da própria história de uma pessoa, de uma família, de uma
comunidade, de toda uma sociedade, de um povo inteiro, de uma época. Uma coisa
são as estruturas e processos que nos fazem ser “assim” como acabando “sendo”.
Outra coisa é
o que nós fazemos com aquilo que nos faz sermos assim como somos, e vivermos
como vivemos. É o que somos capazes de refletir e decifrar a respeito das
estruturas e dos processos sociais que geram ao longo de uma história um modelo
de sociedade e de vida social cotidiana. É quando nós descobrimos que, o que é
apresentado como “é assim porque sempre foi assim”; “é desta maneira porque não
poderia ser de outra”; “é como é porque é a vontade de Deus”, na verdade é uma
criação social de pessoas, de grupos de interesse, de agências e de instâncias
de uma forma de poder. “Poder”, “economia”, “sociedade” criadas por pessoas na
história.” (Carlos Rodrigues Brandão²)
A cultura
padronizada, criada pela economia global e sustentada pelo modelo educacional
(que é obrigatório a todos) é formulado para direcionar nosso inconsciente ao
consumo. Cultura da concorrência, do individualismo, quando um mendigo deitado
no chão é tratado como uma praga, ou simplesmente ignorado, como um poste, um
orelhão... uma vitrine é mais atraente.
Subliminaridades
criam vontades, gostos, necessidades, sentimentos, em alguns segundos,
repetidos e firmados de inúmeras formas. Nossa psique é invadida e nos saqueiam
os sentimentos que impossibilitam nossa vida em sociedade no ambiente.
A mecanização
da educação institucionalizada está como normal. Diferente está a educação
humanizadora; “(...) jamais pode ser ela sequer pensada isoladamente ou
reduzida a um conjunto de técnicas e métodos. Isto não significada que métodos
e técnicas não sejam importantes. Significa que aqueles e estes estão a serviço
de objetivos contidos no projeto cultural que por sua vez, se encontra
envolvido e envolvendo os objetivos políticos e econômicos do modelo de
sociedade...” (Paulo Freire³)
² BRANDÃO,
Carlos Rodrigues; Semana pedagógica Paulo Freire – Caderno Pedagógico 2;
publicação da Secretaria de Estado da Educação do Rio Grande do Sul, agosto de
2001
³ FREIRE,
Paulo; Cartas à Guiné-Bissau – Registros de uma experiência em processo;
Editora Paz e Terra, 4ª edição
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