quinta-feira, 24 de maio de 2012

LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO, UM PRIVILÉGIO PARA URBANOS


Car@s leitor@s,

A fim de esclarecimento, notifico a tod@s que não sou mais acadêmica do curso EaD Licenciatura Educação do Campo (pelo menos esta é a informação que chegou @s colegas do curso em uma aula presencial, que eu teria "desistido" do curso).

Abaixo cito os motivos, (motivos os quais também me levaram a pesquisar os textos elaborados anteriormente neste blog). Informo que:

·        *  NÃO é verdade que eu desisti do curso;

·       * o curso EAD Licenciatura em Educação DO CAMPO não é direcionado a quem mora no campo; o propósito é preparar (de acordo os marcos regulatórios determinados pelo governo/laranja) pessoas que estejam dispostas a lecionar no meio rural. Desta forma o conteúdo estudado sobre CONHECER A REALIDADE DO EDUCANDO somente refere-se às crianças do ensino fundamental (talvez do ensino médio), não a acadêmicos. Ou as aulas não seriam numa terça-feira à noite, quando não há possibilidade de acesso ao Pólo, pois aqui onde moro, no CAMPO, o ônibus passa na segunda, na quarta (3 vezes por mês) e na sexta-feira, de DIA;

·      *   não há vontade política do poder PÚBLICO em transportar acadêmicos, visto que o transporte escolar que leva alunos aqui do interior do município para cursar o ensino médio à noite não há espaço para acadêmicos e não passa por esta estrada;

·       *   vislumbro a contradição entre o conteúdo estudado e a realidade vivida por aqui, e falar sobre isto não é o objetivo da universidade, que não é para todos. Como assistir às aulas OBRIGATÓRIAS? Como falar que eu desisti do curso (como foi informado @s colegas do curso, na aula presencial)? O curso é que não dá possibilidade de poder ter acadêmicos rurais;

·      *   desde o início do curso envio ofícios ao colegiado informando sobre a impossibilidade de participar das aulas presenciais (dias e turno incompatíveis com a realidade do campo, necessidades específicas deste lugar), o que não possibilitou a compreensão da realidade do campo por parte da coordenação do curso, para dar viabilidade às aulas, que são obrigatórias.

A realidade urbana, a cultura urbanizada é a dominante, inclusive no meio rural. Portanto, se faz necessário a valorização e o cultivo de outra cultura, que não sejam de exploração. Explora-se, neste modelo de sociedade, o ambiente, os trabalhos físicos e mentais humanos e nem é possível afirmar que alguém saia lucrando, pois as degradações afetam a todos.
Desta forma, o caminho da educação completamente institucionalizada, como a que se vê nos dias atuais, além de não evitar a violência pela extrema desvalorização da vida e direcionamento ao mercado de trabalho (que alimentam a engrenagem industrial do retrocesso do desenvolvimento humano pela destruição ambiental – menos natureza, menos vida), ficam todos mais distantes das famílias (a educação - em turno integral, por muitas vezes - nas mãos do Estado e da mídia).
É urgente e necessário que tomemos consciência sobre outras formas de educação, de trabalho, de economia, enfim, outra(s) forma(s) de sociedade (compreender o global, agir no local). Essa valorização da vida depende das nossas ações. É momento de agir. 
(Mônica de Medeiros Gonçalves, permacultora, Assentamento Tamoios/Herval/RS/BR)

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