sexta-feira, 4 de maio de 2012

CENSURA NAS UNIVERSIDADES E O DOMÍNIO DO PENSAR, ATÉ QUANDO?




Este texto tem como base o trabalho “Ser estudante no EaD no meio rural e a sociedade atual”, que está em uma página deste blog. O trabalho foi elaborado para ser apresentado no Seminário Diálogos em Educação a Distância, na FURG, entre os dias 26 e 28/04, mas ao lê-lo pode-se compreender o motivo pelo qual não foi selecionado para ser apresentado. Foi solicitado à organização algum argumento para a não seleção do trabalho, porém, até agora sem resposta.
Dessa forma, percebe-se a censura para temas como o sistema de vida humano, no caso o atual, o capitalismo, e o papel das Universidades para com as comunidades. Tecnologias e conhecimentos restritos, fechados para a sociedade. Usufrui quem possui dinheiro, capital. Não é uma questão de necessidade, mas de interesse no mercado de consumo. A Universidade faz parte da engrenagem que gera guerras pelo desenvolvimento desigual; gera pobreza de um lado e alta tecnologia de outro. No meio do fogo cruzado a natureza pede socorro.
Compartilho um pouco da minha forma de sentir, viver e ver este caos humano:

Moro no interior do Pampa Gaúcho, lugar já não nato, antes mato era riqueza abundante, sinônimo de diversidade vegetal, animal e cultural; hoje, visto com desprezo, cada pouco atrapalha o neodesenvolvimentismo e suas reformas, inclusive o auto sustento foi banido, pois atrapalha o Deus consumo. Assim como veloz esse tempo atropelou meus avós, esmaga a todos agora cada vez mais, a galope e coices. Em meio à poeira da estrada ainda se vê o chão, e sim, é possível pisá-lo! Logo ali entre o pulmão e as costelas percebe-se o utópico do lado de dentro, mas ninguém acredita. Afinal, onde está a ética, a felicidade, o amor? Seria talvez parte do lema deste estado brasileiro, tão falado e exaltado quando se manifesta a garra deste povo: “liberdade, igualdade, humanidade”? Sob que ordem suprema se escondem? Seriam estes valores que denominamos 'vida' com a presença da diversidade natural e cultural próprios do mundo liquidificado dos tempos atuais?

O ensino a distância, modalidade recente de instrução ao mundo do trabalho (“o trabalho dignifica o homem”), assim como todas as partes de todas as instituições de ensino, possuem marcos regulatórios, próprios de um modelo econômico que não percebe as vidas. Prioriza plantar a concorrência e aprofundar a cada dia a verticalidade. Verticalidade da exploração do trabalho, verticalidade do extrativismo, verticalidade na imposição da concorrência entre tantos sentimentos que transformam a vida harmônica em pó. Completamente normal para este modelo econômico onde não se vê nada além de nós mesmos. A esta ação denominamos antropocentrismo, o ser humano como centro do universo. É contraditório à Educação Ambiental, que pelo visto existe para cumprir acordos internacionais. Não nos adequamos ao ambiente. Adequamos o ambiente às nossas necessidades (o que é necessidade?). A isto é denominado sustentabilidade?



Seria o mecanismo de mercado global o que regula o sistema educacional o causador de tanto rebuliço? Alto lá! Pode parando aí mesmo! Isso lá é assunto pra ser falado assim, abertamente? Ser contraditório à realidade é a regra desse jogo imposto. Temos que obedecer aos parâmetros impostos pelos empresários ao governo; não ensinar a pensar (se for professor), produzir alimentos contaminados (se for agricultor), consumir agrotóxicos e bens industrializados (se for um ser vivo no ambiente), além do consumo da energia elétrica predatória, e, depois de todo o processo industrial, nos restam cápsulas coloridas para prolongar a vida na biosfera de fumaça e gosto amargo do desamor generalizado.

Dentro desta realidade estamos no seguinte lugar: um país que possui 15% da população no meio rural, a urbanização é crescente; as propriedades com menos de 10 há somam 2,7% da área total, estas áreas somam 47% do número de propriedades; as propriedades com mais de mil há somam 43% da área territorial brasileira, com 1% do número de propriedades; a vida dita camponesa está no produzir bens primários pra a industrialização e para a regulação do mercado nacional e internacional, e com a observação que viver na cidade é melhor que no campo (cultura embutida, como fazer uma lingüiça de bits e consumi-la assistindo à um novela qualquer). A urbanização é crescente, apesar de menos veloz, pois agora poucos restam neste ambiente. Fechou-se + de 30 mil escolas rurais nos últimos 10 anos, vão construir 3 mil novas escolas, diz o governo. O propósito não é resgatar valores, é preparar soldados para a vida industrial à qual está se transformando o campo, cada vez mais.
Nos dizem como devemos agir para sermos felizes. A isto é denominado felicidade?

No curso de Educação do Campo dizem: você é obrigado a ir às aulas presenciais na cidade, mesmo que o dia da aula semanal seja em dia e turno que não tem ônibus, não é nosso papel viabilizar o acesso de quem mora no campo ao estudo, mesmo que o curso seja destinado ao meio rural. Deve-se aprender a realidade do educando para poder ensinar... mesmo? A isto é denominado coerência? Isto é ser contraditório à teoria. Contradição = modelo econômico capitalista. A contraditoriedade está presente em todo o processo do desenvolvimento deste modelo econômico não ecológico, não haveria de acontecer diferente na universidade, cada vez mais privatizada e servidora aos interesses das forças políticas dominantes. Força política hoje é denominada força da propriedade privada (não podemos confundir capital com economia; porque economia é = a relação harmônica entre as partes do todo); política ninguém mais sabe o que é, está no labirinto cerebral, escondido entre a propaganda do carro e a ambição da aquisição de um diploma, mesmo que não se saiba o que é ao certo ser feliz, tudo vai depender do mercado. Hoje, cursos relacionados com a palavra “meio ambiente” estão em alta, bem concorridos, por que será? Nota: falar “meio ambiente” é uma redundância; meio significa metade, ou ambiente; ou o que se queria mesmo quando se criou essa junção de palavras era definir um ambiente pela metade?

Em tempo, ainda: por motivo de não ter condições financeiras e de acesso ao pólo, o que significa não ter a possibilidade de participar das aulas presenciais obrigatórias do Curso de Educação do Campo, estou automaticamente (assim como um “delete” do teclado) reprovada e fora do curso, simplesmente por morar no campo. Moral da história: para estudar educação do campo (que é uma política social, uma reforma), ou tem-se meio de locomoção próprio, ou tem-se que morar na cidade para estudar sobre o campo. Considerando o papel individual político de cada indivíduo, manifesto aqui publicamente minha opinião sobre a ineficiência do modelo educacional, que visa, acima de tudo, a felicidade através de um trabalho (ou emprego) que destrói o ambiente, senão no início do processo de produção de bens primários, no fim, com prestação de serviços terceirizados, não menos poluente e prejudicial à toda a população, rural e urbana.

A educação, seja no campo, ou na cidade, têm o mesmo propósito, apenas nomenclaturas diferentes. A história da evolução da sociedade humana é algo que não se dá importância pelo simples fato de ajudarem a refletir sobre nossas ações no presente, que é a construção do futuro. Este não é o interesse das forças políticas, afinal, somos nós que alicerçamos com nosso trabalho este modelo de vida da sociedade. 
A alienação é a alma do negócio.




Abaixo, a justificativa da universidade, que embora tenha sido feita no dia 27 de março, chega até mim somente agora, 07 de maio. Notável também a importância dada ao conteúdo do trabalho, praticamente nula. Trata-se de valorizar a eficácia aparente. 
Considerando ser um trabalho referente ao descaso da universidade (e dos governos) quanto a realidade dos estudantes rurais e a importância dada ao rural pelo modelo vida humano, nada mais coerente que a reprovação do trabalho. Afinal, este tipo de instituição de ensino é comprovadamente um privilégio. Sem espantos... apenas constatações.


"O referido artigo foi REPROVADO, pois apresenta alguns equívocos de concordância nominal, uso inadequado do termo “onde” no lugar de pronome relativo, além de parágrafos confusos e contraditórios. O artigo também não seguiu corretamente as normas da ABNT. Todas as citações diretas longas estão com espaçamento 1,5, sendo que o correto seria espaçamento simples. Ao final de todas as citações, o nome dos autores estão escritos com letra minúscula com nome e sobrenome completos, sendo que o correto seria (SOBRENOME, ano, p.). O artigo não apresenta considerações finais.
Rio Grande, 27 de março de 2012.
Comitê Científico"

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