sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O GOSTO PELA CONTRARIEDADE, UM NOVO FENÔMENO SOCIAL DO SISTEMA CAPITALISTA

não é incrível??
Interessante a mais nova denominação para insatisfação quanto à desumanização no mundo atual: “gosto de contrariar”. Então somos milhares de famintos (com produção suficiente para alimentar duas vezes e meia toda a população mundial), temos governos corruptos que são subservientes ao capital especulativo (grandes empresas = número ínfimo da população), outro tanto da população (a maioria) fazem parte do senso comum estagnado, do trabalho para casa, da casa para o trabalho, os meios de desinformação regulam os “gostos”, padronizam o que é “normal”,... e vendo isso tudo e mais um pouco ainda existe quem acredite que o gosto é algo definido pelo senso comum. Estranho à realidade vivida aqui no Pampa, lugar onde é possível admirar tanto a paisagem bela, quanto a paisagem feia; tanto a acolhida, quanto o desprezo; tanto as facilidades dos bons sentimentos que o ar puro traz, quanto as dificuldades que este modelo de sociedade impõe.
Não é admissível que, no mundo atual, no extremo que se vive entre um campo empurrando as pessoas para "fora" e centros urbanos cada vez mais favelizados, se considere como 'gosto' a luta, a vontade e o direito de ter direitos iguais, de viver, de ter saúde. É uma questão de diferenças entre classes sociais, não é uma questão de gosto. É uma questão de justiça (se é que exista esta qualidade no humano, prefiro acreditar que sim) social, não de gosto. Aceitar o gosto pela diferença social é admitir que as desigualdades sempre existirão, o que está fora de questão quando o que se discute é a (des) humanização de uma sociedade. Impor o gosto do senso comum como forma de coerção é coisa da mídia, pois, melhor que fale sozinha. A natureza fala a todo instante sobre gostos, poucos querem ouvir. E ainda há quem acredite que este modelo educacional não merece uma revolução. Ora, atitude é realmente algo raro neste espetáculo.
Um modelo sócio-econômico que conta com uma mídia poderosa, onde a história da labuta acarreta conseqüências sérias ao cérebro humano há séculos e onde o comodismo é o fator primordial aos que não percebem (não querem perceber) a violência deitada na calçada, há de ser contrariado! Gosto é mais que isto. Gosto não é imposto. Ninguém vai morar na cidade porque gosta. Ninguém fica doente porque gosta. Ninguém está insatisfeito porque gosta de estar insatisfeito. Alguéns acreditam em uma educação que parta da humanização, que aconteça pela transformação individual e que transborde para o meio, que saia de dentro do lar, da família. Gosto pela vida é contrariar a ordem social dividida por classes, que gera morte física e mental. Isto é lutar pelo que gosta. E o cotidiano de cada um é que constrói o coletivo humanizado, portanto, façamos da nossa vida uma estrada florida. A estrada, o movimento; as flores, as cores que damos à viagem da vida.  Caminhar com os próprios pés é uma opção, quando se sabe que isso é possível. Para gostar de caminhar, basta querer.
(Mônica Goncçalves)
Quem forma o nosso “gosto”?
O linguista estadunidense Noam Chomsky elaborou a lista das “10 estratégias de manipulação” através da mídia:

1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a ate...
nção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas
distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranquilas')”.


2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.
Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.


4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.
Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a ideia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.


5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestão, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver “Armas silenciosas para guerras tranquilas”)”.


6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar ideias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…


7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossível para o alcance das classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranquilas’)”.


8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.
Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto…


9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.
Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!


10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.

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