terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Do latifúndio ao agronegócio


A Educação do Campo é resultado da ação da população civil organizada, não satisfeita com as leis impostas pelo governo (LDB), onde determina a Educação como meio de formação de mão-de-obra para o mercado de trabalho (nas indústrias, nas cidades); não contempla as necessidades de quem vive no campo e proporciona um desmonte progressivo e acentuado de valores que zelariam pela vida, além de dar novos significados as palavras, como, por exemplo, felicidade, bom, ruim...
A entrevista a seguir fala da realidade fundiária em Mato Grosso, e inicialmente, faz um panorama nacional sobre a questão concentração de terras. No Brasil essa é uma realidade comum, historicamente traçada pelos detentores do capital. A partir da manifestação sobre seus direitos, a população organizou-se e deu início ao processo de implementação na Educação (ver I e II Conferência Nacional por uma Educação Básica do Campo). É um processo que está em construção, e a realidade vivida pelos mato-grossenses nos faz compreender melhor o que acontece por aqui, na metade sul do Rio Grande do Sul. Concentração fundiária, trabalho escravo, alienação política, direitos trabalhistas ignorados pelo próprio poder judiciário. Esta realidade se perpetuará enquanto nós, como seres políticos, não exercermos nossos direitos de manifestar nossos anseios, cobrar nossos direitos, exercer a “cidadania” como dever em prol do todo ao qual fazemos parte (rede econômica, ecológica, social – local, regional, global).
Visto isso, informemo-nos sobre a história; conhecendo nossa história, entendemos o presente e podemos agir a favor de um futuro sem desigualdades, onde os direitos sejam realmente iguais para todos, onde a demagogia não tenha lugar de descaque, como ocorre nos dias atuais.  



Esta é uma entrevista especial feita por Dirlei Perin, (de Juara, Mato Grosso, professor Formador do CEFAPRO de Juara/MT em Educação do Campo) com Inácio Werner, graduado em Ciências Sociais pelas Faculdades Integradas Cândido Rondon – Unirondon e especialista em Movimentos Sociais, Organizações Populares e Democracia Participativa pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Foi Agente de Pastoral da Paróquia do Rosário e São Benedito, e posteriormente da Comissão Pastoral da Terra – CPT. Atualmente, é coordenador do projeto Rede de intervenção social do Centro Burnier Fé e Justiça, com sede em Cuiabá. Atua na luta pela erradicação do trabalho escravo, coordena o Fórum de Erradicação do Trabalho Escravo e participa da Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo – Coetrae e do Conselho Gestor do Fundo de Erradicação do Trabalho Escravo – Cegefete. Integra ainda a coordenação do Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento.


“A concentração de terras traz um reflexo direto para a agricultura familiar. Enquanto a média nacional de apropriação é de 33,92% dos recursos, em Mato Grosso esta fatia cai para 6,86%", aponta o coordenador do Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento.

A concentração desequilibrada de terras está na raiz da história brasileira. O antigo latifúndio, responsável pelas extensas propriedades rurais, “se renovou e hoje gerencia um moderno sistema chamado agronegócio”, constata Inácio Werner, em entrevista concedida à IHU On-Line por e-mail. Segundo ele, apenas no Mato Grosso, um dos principais polos do agronegócio no país, a má distribuição da terra é evidente e tem se tornado uma das principais causas de conflitos sociais. No total, “3,35% dos estabelecimentos, todos acima de 2.500 hectares, detém 61,57% das terras. Na outra ponta, 68,55% dos estabelecimentos, todos até 100 hectares, somente ficam com 5,53% das terras”.
Nos últimos 10 anos, 114 pessoas foram ameaçadas e seis foram assassinadas por combater o monopólio do campo. Na avaliação do sociólogo, o Estado não dispõe de uma política pública eficiente de proteção às vítimas porque é “forçado a tomar posição e enfrentar aliados”.
Na entrevista a seguir, Werner também comenta a estrutura política do Mato Grosso e fala das articulações entre o Partido dos Trabalhadores (PT) e o ex-governador, Blairo Maggi (PR), que está na “linha de frente do modelo do agronegócio”.

Acesse o link a seguir e confira a entrevista na íntegra:

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