segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

"A memória é um fator de decisão do presente"

“A memória é um fator de decisão do presente”
http://www.brasildefato.com.br/content/“-memória-é-um-fator-de-decisão-do-presente”

Por Joana Tavares, da redação do jornal Brasil de Fato

Entrevista com  Marcelo Zelic  que é vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo, membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo e coordenador do Projeto Armazém Memória (www.armazemmemoria.com.br)


"Quais políticas públicas poderiam ser feitas em torno da questão do acesso à memória?

Uma das ideias antigas é fazer CDRoom para trabalhar nas escolas. Mas aí pegaram essa ideia, sempre tem uns espertos que querem fazer sozinhos, e fizeram um tal de DVD para entregar nas escolas. Mas retrocederam toda a discussão que se fazia no meio arquivísitico, fizeram uma coisa estática. Porque o documento de arquivo não é para ser entendido como uma ilustração. Que rico seria se o aluno do ensino médio ou o professor recebesse um CD com o “Brasil: Nunca Mais” inteiro. Ele poderia ler o depoimento das pessoas, poderia ler a metodologia, poderia deixar a curiosidade trabalhar. Poderiam ter CDs sobre escravidão, sobre vários temas... Existe a necessidade, para o avanço da sociedade, de se relacionar com o passado. Nas sociedades indígenas, de tradição oral, a transmissão de conhecimento é fundamental. Naquele filme “Dança com Lobos” tem uma cena muito bonita. Os caras começam a chegar lá, o índio mais velho pega um negócio e mostra para os mais jovens: é um capacete espanhol. Ele não precisa falar mais nada, a imagem dizia: ‘não se iludam com forasteiros, porque nós já vivemos com esses’. Essa troca de conhecimento e aprimoramento da sociedade se dá pela troca de experiências entre gerações. A luta da memória faz parte da luta de classes. Mas a ênfase marxista na economia sempre deixou a desejar nesse aspecto. A memória está a serviço da atitude. O índio mostra o capacete não para contar uma bravata, mas para que o jovem, que não conhece a luta, saiba que aí tem merda. A memória é um fator de decisão do presente. Por isso que falamos que nosso país é um país sem memória, as elites não querem que a gente exercite esse contato entre gerações."     
* para ver a entrevista completa, acesse o link

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